sábado, 28 de setembro de 2013

As Obras de Debret e sua Análise Histórica

Jean-Baptiste Debret, foi um pintor, desenhista e professor francês, que integrou a Missão Artística Francesa. Chegou ao Brasil em 1816, onde fundou no Rio de Janeiro a Academia Imperial de Belas Artes onde lecionou pintura.
De volta a França em 1831, publicou o livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, onde retratava os aspectos do homem, natureza e sociedade brasileira no século XIX.
Uma de suas obras serviu de serviu como base para definir as formas geométricas e cores da bandeira republicana do Brasil, adotada em 19 de novembro de 1889.
Na obra O cenário para o bailado histórico, Debret recebeu a encomenda para pintar o que seria uma espécie de cenário, um objeto para decorar um local onde o Rei Dom João VI receberia inúmeras homenagens.


Aqui vemos o rei no centro da pintura, em uma espécie de pedestal, abaixo três figuras masculinas, cada uma representando uma das suas Nações Unidas de Portugal, Brasil e Algarves. Debret usou aqui a mitologia como tema para a obra, rodeou o rei com várias alegorias mitológicas e com soldados envolvidos por fumaça de nuvens. A cena se passando sobre as águas faria relação a viagem que o rei fez para chegar ao Brasil, e louvando as águas que trouxeram a monarquia para as terras brasileiras, juntamente com a “civilização”.
A pintura hoje se encontra na Chácara do Céu no Rio de Janeiro, onde estão as demais obras dele feitas para o Teatro Real.
Neste próximo quadro, Uma senhora brasileira em seu lar, pintura feita em 1830, Debret retrata um ambiente doméstico, onde a mãe borda, a filha lê e os escravos parecem integrados a família, porém ocupados com trabalhos manuais.
Nesta época leitura era considerado um lazer para os letrados, o que leva a investigar a vida cultural do Brasil neste déculo.
Debret fazia inúmeras pinturas mostrando o cotidiano, em uma ramificação da pintura de gênero, ele utilizava principalmente neste quadro, o gênero de pintura interna, mostrando o cotidiano de pessoas dentro de suas casas, em diversas partes da casa, sala, cozinha, quartos e etc.


Seguindo o mesmo gênero de representação de cotidiano, porém agora em um ambiente externo, Debret destaca em primeiro plano a brutalidade de como os escravos eram castigados no Brasil durante o período de escravização de negros trazidos da África. Inteiramente despido e amarrado, onde era possível apenas gritar, o escravo era açoitado feitor com uma espécie de vara tirada de alguma árvore. O Feitor de pele branca e em pé, retratando que ali possuía o poder. Ao fundo da obra pode-se perceber o que parece ser outra cena de açoite a um segundo escravo amarrado em uma arvore.


Graças a obras deste tipo, podemos ter uma visão de como eram tratados e castigados.
Em uma outra obra seguindo a temática de retratação de interiores de residências, uma das obras mais difundidas pelos livros didáticos no brasil de Debret foi Um Jantar Brasileiro.

Vemos na pintura acima a desigualdade a partir da cor de pele, seguido pela disposição dos personagens na cena, onde os escravos se encontram servindo os brancos, como é o caso da mulher negra abanando a senhora branca, e outro aposto para servir os casal diante de qualquer imprevisto que venha aparecer durante o jantar.
Analisando a partir da mesa farta que é servida, percebemos a enorme desigualdade social, presente no século XIX e que se estendeu, infelizmente, até nos dias de hoje no Brasil.

Debret ainda retratou o que é considerado um dos mais antigos retratos visuais de Curitiba, quiçá o primeiro. Imagem a partir do Alto São-Francisco próximo à Praça Garibaldi.

E também, como dito no início deste texto, a obra que serviu para a composição da bandeira republicana do Brasil.

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